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Diagnóstico revela que 65% das mulheres de Teresina que sofrem violência não procuram ajuda

07/08/2018 - 12h00
Diagnóstico revela que 65% das mulheres de Teresina que sofrem violência não procuram ajuda

A Prefeitura de Teresina recebeu, nesta terça-feira (07), em solenidade no Salão Nobre, o resultado do diagnóstico sobre a situação da mulher em Teresina. Pelo levantamento, organizado pela Secretaria Municipal de Políticas Públicas Para Mulheres, alguns fatores têm contribuído para que essa violência continue e, apesar de 88% das teresinenses já terem ouvido falar sobre a Lei Maria da Penha, e mais de 90% revelar conhecerem o seu caráter de coibir a violência, 65,79% das que sofreram violência não procuraram ajuda.

 

O prefeito Firmino Filho destaca que a pesquisa é essencial para nortear ações. “Temos um parâmetro para melhor planejar e conduzir ações que rompam com essa situação onde a mulher é vítima, inclusive do mercado de trabalho, pois ficou comprovado que mulher teresinense estuda mais que o homem, tem qualificação, mas a renda ainda é inferior ao do homem”, diz.

 

A pesquisa foi realizada pela pós-doutora em gênero Wânia Pasinato e financiada pelo programa Lagoas do Norte. Ela também conduziu uma avaliação de toda a rede de enfrentamento à violência. Os dados apontam que mulheres com idade entre 15 e 49 anos apresentam melhores níveis educacionais comparativamente aos homens de mesma faixa etária, no entanto, as mulheres ainda ganham 15,5% a menos que os homens. Uma desigualdade preocupante, embora Teresina apresente a menor disparidade salarial entre as capitais do Brasil.

 

Geórgia Nunes, Procuradora-Geral do Município, participou do momento e reforça que os dados serão importantes para possibilitar políticas assertivas que mudem os números atuais da violência contra a mulher. “Este olhar atento do município para tantas mulheres, que têm os seus direitos retirados, pelo simples fato de serem mulheres, é essencial. Assim, a Prefeitura tem mais convicção para pontuar ações direcionadas a serem implementadas e dessa forma, melhorar a vida da população e dar vida digna às mulheres que sofrem tanto com o machismo”, observa.

 

Pelo sistema de notificação compulsória, ou seja, feito pelo sistema de saúde, os autores da violência predominam amigos/conhecidos das vítimas (19,7%). A força física é o meio de coerção mais empregado, que pode ser explicado pela proximidade entre vítima e agressor e a relação de medo e subordinação característica dos relacionamentos abusivos.

 

 

Do total pesquisado, 22,11% das mulheres sofreram violência psicológica ao longo da vida; 11,22%, violência física; e 6,35%, violência sexual. Mulheres jovens (18 a 29 anos), pardas e sem religião reportam mais violência que os outros grupos, porém a violência sexual é mais denunciada entre mulheres brancas (4,48%), enquanto 2,02% de negras denunciam.

 

“É um documento importante para contribuir com as políticas de atendimento às mulheres para que possam romper com o ciclo de violência e de distorções econômicas”, enfatiza a secretária de Políticas Públicas para as Mulheres, Macilane Gomes.

 

As mulheres também estão mais fora da força de trabalho que os homens: 39% entre as mulheres e 21% entre os homens. A pesquisa apontou que as mulheres nordestinas convivem com a violência desde muito cedo, principalmente a psicológica. É importante lembrar que 77,8% das mulheres de Teresina são negras e pardas. Das mulheres que procuraram ajuda, 15,8% procuraram com amigos e familiares ao invés da ajuda institucional.